Com uma alta expressiva de 9,7% no ano passado, a maior em 11 anos, a construção civil superou todas as expectativas no mercado imobiliário
O Produto Interno Bruto (PIB) da construção cresceu 9,7% em 2021, maior aumento nos últimos 11 anos e superou as expectativas no mercado imobiliário, após registrar uma queda de 6,3% em 2020. Os números fazem parte de um estudo com dados do setor que foi divulgado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
Segundo a análise de Ieda Vasconcelos, economista da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), este foi o melhor desempenho do setor desde 2010, quando o incremento das atividades foi de 13,1%.
“Esse também foi o melhor resultado apresentado pelo segmento industrial no ano passado, que cresceu 4,5%. A Indústria da Transformação apresentou alta de 4,5% em seu PIB e a Extrativa 3,0%. O PIB do Brasil cresceu 4,6%. Ou seja, mais uma vez a Construção Civil ajudou a impulsionar a economia nacional”, disse.
Segundo Ieda, os dados do PIB Brasil demonstraram o impacto do retorno das atividades econômicas, após um ano de constantes paralisações em função da pandemia. Já o dinamismo da Construção Civil refletiu o aumento das atividades do mercado imobiliário.
“Neste contexto, é preciso destacar o ciclo de negócios iniciado ainda em 2020, primeiro ano da pandemia, e que foi especialmente impulsionado pelo baixo patamar das taxas de juros. Com isso, o setor ganhou impulso, mesmo diante das dificuldades vivenciadas como o forte incremento no custo dos seus insumos”, afirmou.
De acordo com a economista, o crédito e financiamento imobiliário e as vendas de imóveis novos ajudam a compreender o melhor desempenho do setor.
“Em 2021, os financiamentos imobiliários com recursos da caderneta de poupança totalizaram R$ 205,4 bilhões, o que correspondeu a uma alta de 65,7% em relação ao ano anterior e também a um recorde histórico anual, de acordo com dados da Abecip (Associação Brasileira das Entidades de Crédito Imobiliário e Poupança). Nesse ano foram financiados 866,33 mil imóveis, número 103% superior ao ano anterior”, mencionou.
Para ela, o ciclo de negócios no mercado imobiliário, iniciado em 2020, também ajuda a compreender os números. Como o segmento vende para entrega futura, o bom ritmo da comercialização de imóveis nesse ano movimentou o setor em 2021.
“Como o segmento vende para entrega futura, o bom ritmo da comercialização de imóveis neste ano movimentou o setor em 2021. Dados dos Indicadores Imobiliários Nacionais, divulgados pela CBIC, em parceria com o SENAI Nacional, demonstraram que, em 2020, as vendas de unidades novas cresceram 16,47% e, em 2021, a alta foi de 12,83%”, explicou.
A economia nacional também registrou alta: 4,6%. Desagregado por setor de atividade, observa-se que o PIB da Agropecuária retraiu 0,2%, enquanto a Indústria cresceu 4,5% e os Serviços 4,7%.
De uma forma geral os dados do PIB Brasil demonstraram o impacto do retorno das atividades econômicas, após um ano de constantes paralisações em função da pandemia. Já o dinamismo da Construção Civil refletiu o incremento das atividades do mercado imobiliário.
Neste contexto, é preciso destacar o ciclo de negócios iniciado ainda em 2020, primeiro ano da pandemia e que foi especialmente impulsionado pelo baixo patamar das taxas de juros.
Neste cenário observa-se que, mais uma vez, a Construção Civil ajudou a impulsionar a economia nacional, mesmo diante das dificuldades vivenciadas como o forte incremento no custo dos seus insumos.
Empregos no mercado imobiliário
Os resultados positivos da Construção no ano passado foram refletidos diretamente no mercado de trabalho.
Conforme os dados do Novo Caged, divulgados pelo Ministério do Trabalho, em 2021 o setor gerou 244.755 novas vagas com carteira assinada, o que representou o melhor resultado desde 2010, quando 347.730 novos empregos foram criados.
Já o seu número de trabalhadores formais cresceu 11,62%, ao passar de 2,107 milhões em 2020 para 2,351 milhões em 2021.
A Construção Civil conseguiu recuperar as perdas observadas em 2020, primeiro ano da pandemia. O resultado do seu PIB, no 4º trimestre de 2021 está 8,36% acima do observado em igual período do ano 2019.
Apesar dos números atuais positivos, o setor ainda não conseguiu recompor as perdas registradas pelas suas atividades nos anos anteriores.
De 2014 a 2021 a Construção ainda contabiliza queda de 26% em seu PIB. Ou seja, caso não fosse o crescimento mais expressivo registrado no ano passado, os números seriam ainda mais negativos.
No final de 2021 as atividades da Construção Civil retornaram ao patamar de 2016, evidenciando o quanto ainda precisa crescer para recuperar as perdas dos anos anteriores.
A retração do setor ainda pode ser percebida pela sua participação no PIB. Enquanto em 2014 ele respondia por 6,2% do PIB nacional, em 2021 essa participação foi reduzida para 2,6%, o menor patamar já observado na série histórica atual do indicador, iniciada em 1996.
Por outro lado, o desempenho do seu mercado de trabalho demonstrou a sua força. Em 2021, a Construção foi responsável por 8,96% do total das novas vagas com carteira assinada criadas no Brasil em 2021.
Assim, diante de um cenário em que o País ainda precisa fortalecer as suas atividades, o setor, que possui uma importante capacidade de gerar renda e emprego para a economia, poderia contribuir ainda mais.
O crescimento de 2021, por exemplo, poderia ter sido ainda mais robusto, caso o custo com os seus insumos não tivesse alcançado um patamar tão elevado.
Conforme já era aguardado de uma forma geral pelo mercado, a economia nacional cresceu 4,6% em 2021 e conseguiu recuperar as perdas observadas no ano anterior, em função da chegada da pandemia no Brasil.
Entre os grandes setores de atividade somente a Agropecuária apresentou resultado negativo (-0,2%), o que aconteceu em função de problemas climáticos.
A Indústria cresceu 4,5% e os Serviços apresentaram expansão de 4,7%. Pela ótica da demanda, o consumo das famílias cresceu 3,6% e o consumo da Administração Pública aumentou 2,0%.
A Formação Bruta de Capital Fixo, que é o indicador utilizado para medir os investimentos em máquinas, equipamentos, Construção Civil e Inovação, apresentou expansão de 17,2%, o que correspondeu a maior elevação desde 2010.
Com isso, a taxa de investimento nacional, que em 2020 era 16,6% passou para 19,2%, o que correspondeu ao seu maior patamar desde 2014.
No 4º trimestre de 2021 a Construção cresceu 1,5% em relação aos três meses anteriores, na série com ajuste sazonal.
Esse foi o melhor resultado do segmento industrial, que, no mesmo período, registrou queda de 1,2% em função do desempenho negativo das Indústrias Extrativas (-2,4%), Indústrias de Transformação (-2,5%), e Eletricidade e gás, água, esgoto e atividades de gestão de resíduos (-0,2%).
A economia brasileira apresentou expansão de 0,5%, depois de registrar seis meses consecutivos de queda em suas atividades (-0,3% no 2º trimestre e -0,1% no 3º trimestre).
As perspectivas para o mercado imobiliário
Apesar de ter recuperado as perdas do início da pandemia e adquirido um novo fôlego, a Construção Civil, em 2022 deverá apresentar um resultado mais modesto.
As primeiras estimativas da CBIC apontam que o segmento poderá apresentar expansão de 2% nesse ano, com o mercado de trabalho ainda demonstrando dinamismo.
A Sondagem da Indústria da Construção, que é realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), com o apoio da CBIC, indica que os empresários do setor estão otimistas e aguardam crescimento do seu nível e atividades, da compra de insumos e também maior contratação de mão de obra.
Entretanto, no 4º trimestre de 2021 as vendas não alcançaram o mesmo dinamismo observado em igual período do ao anterior.
Um dos fatores que ajuda a explicar esse resultado é o forte incremento no custo da construção.
Depois de registrar elevação de 8,81% em 2020, o INCC (Índice Nacional de Custo da Construção), calculado e divulgado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), aumentou 13,85% em 2021. Particularmente o custo com materiais e equipamentos cresceu 24,11%, o que correspondeu a sua maior alta desde 1997 (primeiro ano em que foi divulgado de forma desagregada).
O custo com os serviços apontou incremento de 8,85% e o custo com a mão de obra 6,84%. Além disso, têm-se, ainda, o incremento na taxa de juros.
Neste cenário, a inflação persistente e elevada, que contribui para deprimir a renda da população, os juros em patamares elevados, as incertezas próprias de períodos eleitorais e o menor crescimento da economia mundial são alguns dos fatores que podem influenciar o menor desempenho da atividade econômica nacional e, consequentemente, da Construção Civil.
Também é preciso considerar o impacto do conflito Rússia x Ucrânia, que aumentou a incerteza com a economia global e poderá levar a uma revisão das estimativas para 2022. A princípio os efeitos econômicos no Brasil poderão ser sentidos com mais inflação.
Como as projeções para o aumento dos preços no País já estavam elevadas, e já superavam o teto da meta para 2022, a tendência é que essas perspectivas sejam ainda mais deterioradas, em função do aumento dos preços de importantes comodities, como trigo e petróleo.
Assim, maior inflação poderá significar mais taxa de juros. E mais aumento de juros certamente contribuirá para deprimir mais a atividade econômica nacional e também as atividades da Construção.
Com base nos dados e indicadores relacionados à construção no mercado imobiliário é possível avaliar tendências de mercado e o comportamento do cliente para orientar o trabalho de imobiliárias e corretores de imóveis.
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Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil
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